28 novembro, 2007


Mãos!

Arranhei minha alma,
com as tuas garras
de anjo despedaçado,
de emoção repartida
e asa quebrada!

Decepei meu sorriso
de feitio escandaloso
que sempre escancarava
certezas do meu amor!

Que faz um desamor
atravessado no caminho!

Hoje sou verso e reverso
da tua paixão maculada,
nada mais do que silêncio
nessa luta que me impus!

Calo minha voz e de vez
faço a jornada de quem
se afasta pra morrer!

Dou a mão à palmatória!

26 novembro, 2007

A injustiça é cruel, insana, corrói e machuca a alma...
Nunca apreendi a conviver com ela e sempre tropecei nas suas seqüelas...
Dói demais não ter me dado direito de defesa...
Fiquei mal,
estou mal,
muito mal...
Que merda!

24 novembro, 2007

Solidão!

Dos amores que tive,
o teu foi quem sempre esteve
junto da minha alma...

Foi benção, foi vida,
vivida e repartida
no agora e no amanhã...

Foram sonhos e quimeras
que não aconteceram...

Hoje sem esperança, falida,
abatida e tão envelhecida,
sinto-me órfã e anciã,
sem viço, raça e vigor
para buscar um novo amor...

Quem mandou acreditar
que era para sempre
a doçura desse amor,
que tanto nos lambuzou
de prazer e alegria...

Bem feito por ter acreditado
na sua eternidade...

Hoje padeço de vontade,
estou morta viva,
seguindo adiante...

Em frente nada!

Lupa!

Guardo teus segredos
como pérolas amorosas,
dádivas preciosas que ficaram
do nosso tempo de amor!

Guardo tuas lágrimas
no meu peito choradas
e que no calor dos afetos,
beijadas uma a uma, saboreadas!

Guardo nas entranhas
os aromas perfumado das maçãs,
corpos incendiados, acessos,
nas chegadas das manhãs!

Guardo palmo a palmo
teu corpo fotografado
e de saudade revelado,
sempre que me acalmo
relendo o meu passado!

Sou o meu próprio laboratório!

15 novembro, 2007

Perdas!

Carrego penas e danos,
sofrimentos e enganos,
mentiras que sobraram
dos falsos amores, eternos!

Palavras e promessas vãs
que deixaram sem amanhã
um amor que pensamos envelhecer,
e que pelos tropeços da vida
perdemos o rumo e o prumo,
e nos fizemos perdas,
principalmente, da nossa alegria!

Que pena!

11 novembro, 2007


Confissão!

Tem amores e pessoas que passaram
com destaque na vida da gente,
não foram anjos ou demônios
mas deixaram suas marcas!

Outros já sabidos de passagem,
por essas coisas da vida, cravaram
suas unhas e deixaram cicatrizes
no coração e na alma, e se foram
como se não tivessem ficado,
no nosso abraço e sonhado,
no sono bom do amor!

E assim entre pausas e corridas,
chuvas e trovoadas, andamos
acima e abaixo, tropeçando
e caindo, sempre na esperança
de um dia morrer no teu abraço!

Solta as amarras que me prende
e deixa qu’eu mesmo ande
e pague, o preço do meu fracasso!

Fiz da minha vida um grande erro
e não soube te deixar ficar,
erro que todo dia padeço
nas falhas do meu coração!



Gema!

Ao teu olhar, fostes carinho
em minha vida, dedicado
palmo a palmo com suor,
insistência e muito amor!

Feito garimpeiro fanático
acreditou como lunático
na intuição do teu coração,
qu’eu seria a emoção
de amor, maior da tua vida!

E assim desse modo querida,
tornei-me presença viva
raio e luz, força e alma
nos teus sonhos, desejada!

Foram anos garimpando,
juntando os meus pedaços
feito quebra cabeça montando,
a minha essência partida!

Tuas mãos como bateia,
peneirou os medos,
impurezas e certezas,
equívocos e temores,
e me deixou pronta
para te amar as escuras,
sem reservas, a vontade
e rumo dos teus delírios!

E nesse exercício de procuras
onde em momentos diferentes,
tiramos leite de pedra,
é que descobrimos o amor
que põem brilho e luz,
quando se cruzam o nosso olhar,
enternecidos de saudade!

O quê a vida nos fez?

04 novembro, 2007


Coração Partido!

Não me falta comida
nem o grão do alimento...

Não sinto fome,
mas falta o alimento
para a minha alma,
o teu amor!

Não me falta roupa,
calçado ou touca
nem sinto frio,
mas me falta o calor
amado do teu abraço!

Não me falta nada,
somente o tudo
que você foi na minha vida,
razão maior dessa emoção,
o teu amor!

Não me falta nada,
só meu coração reage
se negando de viver!

Que ironia!
Cremação (ou) Obituário!

Soltou-se da vida,
fez-se poeira!

Partiu de bobeira,
e não deixou endereço,
pagou o preço
da solidão assumida!

Virou queima consentida
pó, partícula ridícula
de uma vida cansativa!

De bom deixou uma vírgula
ao longo da sua estória,
que fez toda a diferença,
um amor maior que a vida
não deixou envelhecer,
mas que foi sua alegria!

De bom mesmo a merecer
lembrança, foi a magia
daquele abraço, que no meio
da noite, cicatrizou na sua alma
para todo o sempre,
o nome do seu amor!

Soltou-se da vida,
fez-se doce saudade
no coração e na alma,
de quem na despedida,
soltou as suas cinzas!

03 novembro, 2007


Espelho!

É cruel como o beijo do tempo
ao longo do nosso corpo,
deixa marcas e cicatrizes
que nem mesmo João e Maria
saberiam voltar desse caminho!

O corpo outrora jovem e moço,
hoje se desmancha feito almoço,
como quem esfomeado, limpa o prato
até o último grão de feijão!

Os olhos já não enxergam beleza
nas mãos com manchas e rugas,
sinal vermelho do tempo
mostrando que a vida ruge
e o viço perde o brilho!

Onde anda aquela pose
engessada por Butox,
quando olho no espelho
e só vejo um bobo orgulho,
desmanchado pelo tempo!

Que lição à vida mostra!
Outro amanhã!

Sofro todas as dores do amor
que te fez doente e tão aérea,
dividida em mil facetas
como uma estrela cadente
que se parte, se apaga e cai!

Sofro minha vida com os ais
das minhas culpas,
com meus medos e fantasmas,
que rabiscam como agulhas
minhas noites insones,
deixando meu corpo
cada vez mais carente
do teu abraço!

Vivo hoje a solidão e a falta,
até da inspiração, que outrora
tão presente em minha vida,
tinha vez e hora para
te cantar em prosa e verso,
e com toda a minha alegria,
te amar e saudar com poesia!

Estou batida e sem saída,
vivo e espero outro amanhã!

01 novembro, 2007

Tic Tac!

Parte de mim se confunde
entre a surpresa e o medo,
temor ao avesso que se funde
feito açúcar em fogo brando!

Sou confeito derretido,
pão de ló abatumado
nessa massa combalida,
que sova, sova e não assa!

Meu peito que agasalhou
o carinho dos afetos
e deixava pelos lados
a dor dos meus desafetos,
vai aos poucos definhando
nesse tic tac preguiçoso,
sonolento e já sem viço!

Sou quase um relógio estragado,
sem badalo, sem horário
demarcado pra morrer!

Eu espero!