18 fevereiro, 2006



"Longevittá"
Rosa, Lourdes e Marias, Cássia, Leilas, e Ledinhas, Gelsa, Annas e Amandas. Vilma, Beths e Saletts, Catarinas, Angela e Neldinhas!
Estas não são somente nomes, são estrelas que iluminam nossas tardes de domingo!
Todas são mulheres, mulheres amadas, mulheres queridas, delicadas mulheres, mulheres meninas! Tias, vós, dindas e sobrinhas, mães, sogras e madrastas, colegas, amigas, madrinhas da vida que se encaminha pra marcar nossa saudade! Mulheres valentes, heroínas mulheres de filhos presentes, de outros tantos, ausentes! Mulheres crianças, sem força e domínio, longe lembrança de uma vida passada! Mulheres românticas em lapsos de tempo, que cantam seus tangos e movem seus pés, como se o balanço das suas cadeiras dessem o ritmo para memória já quase vencida, já quase apagada, mas não esquecida! Quem olha essas mulheres, ali sentadinhas, todas bonitas na sua magia, repensa a vida, repensa a família, repensa os afetos! Que sentimentos são esses que nos fazem voltar todo domingo! São horas benditas de afagos e beijos, de lanches e lagrimas, de mãos que se agarram, pedindo que voltem!
Hoje, ontem ou amanhã, agora ou depois, pouco importa!
Muitas delas não percebem se existem diferenças! Todas essas mulheres no entanto, são felizes quando alguém lhes toma o rosto e num gesto carinhoso, afagam-lhes as mãos, já vencidas pelo tempo e pelas dores! Mãos de porcelana, frágeis tesouros que em épocas passadas embalaram outras vidas! Ao lado de todas elas, alí reticentes, amigos meninos se esforçam no zelo e no cuidado das damas dos seus sonhos perdidos! João, Diogo, Pedro e Joel. Renan, Elio, Bruno e Miguel. Matheus, Fabio ou Manoel, pouco importa os sobrenomes, são homens, são meninos, são velhos, são valentes, são guerreiros sem moinhos! Todos eles estão ali, tão calados, tão ausentes que somente a presença de quem chega, lhe apraz um movimento! São homens e mulheres esquecidos de si, nos mostrando a cada dia uma nova emoção! Bendigo a todos, pois com eles me obrigo a ser feliz! Esse poema nasceu das visitas dominicais a uma casa de repouso de Santa Maria/RS, onde acompanhava minha amiga Salette Marchi, que ia visitar sua mãe, que por motivo de doença, passara a morar ali!Essas visitas emocionavam meu olhar e sensibilizavam minha alma, pois meus pais a muito já tinham partido, deixando um vazio enorme no meu afeto e uma lágrima teimosa que se apresenta sempre quando me sinto só! A saudade é como um tempo preparado para chover, que se arma aos poucos, deixando o céu nublado com nuvens penduradas sobre nossas cabeças, e que agitadas pelo vento, se transformam em pingos de lágrimas, que emocionam para sempre a minha saudade! Perder os pais é enfrentar um caminho sem volta, sem direito ao conforto de um abraço!

Escrever esse poema, dessa forma emocional, é um tributo a todos os velhos que de uma forma ou outra, marcaram as nossas vidas e que estão sempre a nos mostrar, que um dia ele seremos, nós!
Elenara Castro Teixeira
Santa Maria/RS

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