13 novembro, 2006

O Espelho!

Um corpo cansado caminha
cabisbaixo, ladeira abaixo,
mal suportando o peso
das pernas que cambaleiam,
que não mais se afirmam
dentro dos calçados velhos
e carcomidos pelo uso!

Bamboleia uma dança
com sua bengala, como se ela
fosse o par namorado
de um tempo não mais lembrado!

Toda semana encontro
por onde passo essa mulher,
que um dia apaixonada,
viveu sua estória de amor
e que hoje solitária pela perda
do amado, faz a feira
com a dignidade dos que sabem,
que é só uma questão de tempo
viajar para o outro lado!

É doce perceber o amor
com que olha o seu retrato!

4 comentários:

Anônimo disse...

O verdadeiro amor é aquele que acompanha-nos aos mais inusitados momentos de solidão, até mesmo numa ida solitária na feira do bairro, caminho este, talvez feito juntos, uma vida toda.
Poeticamente esse poema traduz uma grande verdade!
Consegue dar cor as imagens que constróis. Gosto disso!
Parabéns!

Anônimo disse...

Realmente é estranho pensar que todos, até os mais desvalidos, um dia amaram, e com a mesma intensidade que qualquer um de nós, ao vê-los, às vezes, nem nos ocorre que um dia seus corações tiveram os mesmos sobresaltos que os nossos!
Felizes, até mesmo os infelizes, se puderam, ou podem, olhar com amor, sem mágoas, uma foto do amado e sonhar com o dia em que irão reencontrá-lo, muitos não podem sonhar este sonho!
Bjus....

Anônimo disse...

Muito lindo, Elenara!
Gosto dos seus poemas...
Eu também gosto de escrever, vez por outra, mas não um poema. Quando eu era mais jovem, tinha tantos contos que dava para fazer um livro, mas aos poucos fui rasgando, como se pudesse apagar o passado... rsrsrsrs!!!
Abraços!

Anônimo disse...

Quando vivemos o amor na sua plenitude, com certeza ele nunca se acaba. Ele sobrevive além da morte.
Muito lindo o poema.
Parabéns!