01 julho, 2009


Fantasias na Terra do Nunca


Quando ao longo da vida, após uma extensa caminhada de observações do cotidiano, reflexões filosóficas construídas no silêncio das noites ou no alvoroço dos bares, entre amigos militantes e notívagos, depois de tropeços e mudanças de rotas, é que descobrimos que através das vicissitudes da nossa vida, é que passamos a ter uma melhor compreensão sobre fatos e leituras.
Poemar sentimentos através das palavras, metaforizando lembranças que são imagens do nosso eu, é que deixam no ocaso das nossas vidas, mais instigante e vivo o ato de se viver!
Usamos palavras e lembranças sem nenhuma parcimônia, e quando nos damos conta, descobrimos que estamos frente a um novo feito, que nem sempre é triste, quiçá hilário, talvez!
Tenho guardado nos apontamentos, no bloco da minha memória, tópicos interessantes no q’eu tenho lido e ouvido, nesses últimos tempos aqui na nossa terrinha, e para não perder o “trem da estória”, elaboro palavras no puro intento de metaforizar as próprias palavras!
Segundo sabemos, a escrita deve ter um sentido para quem lê. Não basta conhecer a forma e o desenho de cada letra, mas sim o que as junções desses símbolos querem nos transmitir. A leitura e a compreensão desses signos é o que nos coloca na frente e nos faz superior, e mesmo assim, nem tão completos!
A transformação dessa decodificação é o que costumamos chamar de releitura, de reinvenção, verdadeira reengenharia de palavras, que colocada com alguma criatividade, mereceria até mesmo um texto, possibilitando talvez, uma nova percepção de mundo, de realidades e de outros novos olhares sobre tudo que nos cerca.
Em função disso lembrei-me do feiticeiro do Mágico de Oz, e não sei por que “cargas d’água” veio-me as imagens virtuais de uma cidade reinventada, sem buracos, sem misérias, sem lágrimas de pais vendo seus filhos partirem em busca de trabalho e bem lá no final do túnel, uma luz para se visualizar o sucesso!
Uma cidade com viadutos, rápida e sem engarrafamento, uma Guarda Municipal como guardiã e protetora da nossa segurança, um Hospital Regional para receber os “tocados” pelo mosquito da dengue, pelo bugio, pobre vítima da febre amarela e também pela nobre iguaria servida nas ceias do Ano Novo, vitimizada e codificada atualmente como Influenza A (H1N1).
Um bolo saboroso, surgido num Balão Mágico, colorido e bonito, gotejando sabores do céu, alimentando ilusões e sonhos e deixando em todos como um passarinho no ninho, esperando que lhe caísse a boca, o alimento trazido por um sabiá-laranjeira, muitas dores no pescoço!
Um jardim florido renascido, “sem a dita terra maldita” a lhe enfeitar o semblante, dando-nos a impressão que o paraíso é aqui, colorido e perfumado pelas flores que também, ainda não nasceram! Éden só mesmo o meu perfume!
Magia verdadeira seria aquela que não deixa o frio do inverno, customizar a pobreza como um apêndice do proselitismo político e nem mostrar como “feitiçaria”, a beleza dos fogos chineses, invenção secular que permeia o nosso conhecimento, nem armazenar esperanças aos que vivem nessa “Terra do Nunca”, como Ulucapatá, o Super-Herói que se esconde nos muros escuros do Castelo e num só bailado, dança a Hula Hula porque não conhece nenhuma das indianas. Are Baba!

3 comentários:

Anônimo disse...

Gênio!

Joana Machado disse...

Arrasou com esse texto.
Muito bom.

Anônimo disse...

Ulucapatá significa burro na Índia.
Será o chefe de gabinete da prefa?
Se for quem estou pensando, tu matou a pau aquele almofadinha de arraque, que pensa que é o todo poderoso.
Nota mil para ti.